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SAUDAÇÃO À BANDEIRA
Palavras de saudação à Bandeira Nacional, pronunciadas pelo Irmão Mitrídates Álvaro de Lima Correa, por ocasião da solenidade de posse dos Quadros Administrativos das Oficinas Maçônicas, a 24 de junho de 1947:
“Bandeira da minha Pátria!
Quando os primeiros dilúcolos que antecedem o amanhecer tingem de ouro e púrpura a fímbria do nascente; quando, a um tatalar isócrono de asas e às vibrações sonoras dos pássaros canoros a vida se faz sentir por todos os recantos da Terra, nenhuma terra mais linda que a nossa terra!
Extasia-se o poeta. E da música rimada de suas estrofes espontam hinos de louvor que, na cadência de seus ritmos, mal exprimem o encantamento que vai na sua alma deslumbrada pela mais rica e bela pátria do Universo.
Toda a sua sensibilidade vibra ao menor bulício das flabelas verdoengas dos palmeirais acariciados pela brisa matinal. Seus ouvidos estão cheios de sustenidos e bemóis dos acordes que surtem dos mananciais de águas cristalinas que se transformam em regatos e de regatos em rios caudalosos que fertilizam searas e mitigam a sede dos viandantes.
A variegada policromia da selva portentosa, onde gigantes impassíveis erguem para o infinito os seus braços seivosos, como a oferecer suas frondes, em sublime holocausto, ao “Deus-Sol” da mitologia pagã, dança na sua retinha maravilhada ante a mais perfeita sombra do Supremo Arquiteto do Universo.
Extasia-se o poeta. E nesse êxtase que é todo o seu supremo esforço para sentir a alma da pátria na sua plenitude, ele sobe montanhas, percorre valados, debruça-se sobre os lagos, contorna caatingas e chega à orla da praia para receber o batismo purificador do oceano que o recebe em seu berço de espumas.
E quando a noite desce, sobre sua alma fatigada vem se refletir o clarão das estrelas que o convida a sonhar.
E o poeta sonha. Sonha com uma pátria que é o orgulho de seu nascimento, onde não há febre de conquistas sanguinárias nem medra o ódio das vinganças estéreis. Sonha com uma pátria onde todos se confraternizam pelo trabalho, livres de preconceitos dissolventes e amando a paz, respeitando a lei e desejando sempre a justiça em cujos princípios assegura a sua liberdade e o seu progresso.
Esta é a nossa Pátria engastada no continente sul-americano onde vive um povo hospitaleiro e bom e onde todos encontram agasalho para tirar da terra o pão de cada dia.
Sob o nume tutelar do Cruzeiro do Sul se ergue aos olhos do mundo como nação livre, pátria de um povo livre, tendo como símbolo da sua soberania Tu “auri-verde pendão da minha Pátria que a brisa do Brasil beija e balança”.
O Irmão Mitrídates Álvaro de Lima Corrêa iniciou-se na Loja “Rio Negro”, a 19 de dezembro de 1936.
Era filiado às Lojas “Esperança e Porvir”, “Amazonas”, “Conciliação Amazonense” e “Glória de Hiran”, as primeiras ao Oriente de Manaus e a última ao Oriente de Itacoatiara, todas no Estado do Amazonas.
Irrequieto por natureza, manifestava-se com extraordinária velocidade de pensamento, traduzindo, sempre, nas suas palavras, o desejo de que, entre os homens, nunca deixassem de existir a compreensão e a harmonia.
Possuía um espírito acolhedor e sabia transmitir, a seus semelhantes, as ideias provindas de sua inteligência. (...)
BIBLIOTECA RAIMUNDO COLARES RIBEIRO
Transcrito do livro CENTENÁRIO MAÇÔNICO, de Rodolpho Valle, Editora Sérgio Cardoso, Manaus (AM), 1972, páginas 154 a 156.
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