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UMA CARTA PARA VOCÊ – 2020 / AJEB-AM (Antologia organizada por Kátia Colares Ribeiro)

CARTAS DE AUTORES COM DEDICATÓRIA  A DIVERSAS PESSOAS- PARTE 2
CARTAS DE AUTORES COM DEDICATÓRIA A DIVERSAS PESSOAS- PARTE 2

 




 

LIVROS & ESCRITORES

 

Gabriel Lyra

 

Carta de Cura

 

...Mediquei minhas dores e as transformei em cinzas.

Lavei cada cicatriz que você deixou. Com as lágrimas que causou, fiz do meu mundo, o mundo de um só, onde nada nem ninguém pode se estabelecer, onde eu sou o maior causador de dores e nada pode sobrepor minha carga de realidade platônica.

Você criou cinzas onde tinha amor e eu te amei. Te amei até não sobrar nada de mim e me destruí, centímetro por centímetro até te esquecer. E eu esqueci de você e de mim. O que todos elogiavam quando eu estava ao seu lado, deixou de existir.

Agora meu coração é um quarto de hotel, podem passar a noite e ver o céu, mas nunca se sentir em casa, e, se por acaso seus olhos cruzarem os meus em um lugar qualquer dessa cidade de sonhos baratos, saiba que não serei eu quem estará vendo...

 


Guataçara Silva

 

"A Canoa e Eu"

 

Somos madeira e carne; emblema e alma. Eu e a canoa... E naveguei sozinha e a esmo, naquele rio de tristeza, correnteza e solidão. A cada banzeiro, uma remada para não afundar, e no espelho cinza das águas, eu enxergava os reflexos duma realidade que eu teimava em não ver: o meu amor era cego... Mas singrávamos... seguíamos, a canoa e eu...

E num 'relampear' intenso de misericórdia, Deus restaurou a minha visão, e me deu forças para remar mais forte, e mais rápido. E eu me encontrei com todos os meus devaneios e loucuras, cara a cara... Todos eles... Nada fácil, mas precisei afogar as lágrimas e a tristeza, naquelas horas... E tive que remar, em solidão, a canoa e eu...

Hoje eu vejo tudo com a clareza dos fogos, e continuo a remar... Águas turvas, revolta líquida, molhada de decepção, cheias de fantasmas que me trazem as lembranças dele inteiro aqui na minha canoa, me amando. Para cada canto que olho, enxergo ele remando comigo, em busca da rara paz, pois a minha partiu junto dele... E olho de novo, e vislumbro a realidade: solidão... Só nós: madeira e alma, a canoa e eu.

"Saudade Impetuosa"

 

Guataçara Silva

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Jacqueline Paula de Paiva Rafael

 

Mississauga – Canadá, 30 de agosto de 2019

 

Muito Obrigado meu Deus por Tudo!

 

Muito obrigada, meu Deus, pelo dom da vida e por tudo que tens feito para os teus.

Uma história de amor maior não há. Digo a todos conhecidos e amigos meus.

Intencionalmente deste teu filho, Jesus Cristo, para nos resgatar e salvar.

Temos a benção de contarmos contigo para tu nos fortalecer, exortar e ajudar.

Ofereces o maior privilégio: te conhecer, crer em Ti e poder recomeçar.

 

Obrigada pelo viver diário da transformação e pela chance de redenção.

Bem aventurados somos nós, pela graça de nada nos separar do teu amor.

Relevas os nossos erros. Nos convida para a salvação, sem distinção.

Insistes na misericórdia e no livre arbítrio, mas é nossa a decisão de segui-Lo ou não.

Gratidão eterna pelo teu amor, cuidado, atenção e por ser amigo fiel e protetor.

Agradeço a Ti, porque Tu és Caminho, Verdade, Vida e o nosso Salvador.

Diuturnamente Tu nos enches com o teu Espírito Santo vivificador e renovador.

Obrigada por ensinar que a vitória que vence o mundo é a nossa fé, com ação.

Modelas a quem permite, nos convertendo, nos purificando e nos libertando.

Esporadicamente produzimos recuos, tu não desistes. Tu insistes, nos pastoreando.

Uma vez mais Tu dizes: és precioso aos meus olhos. Eu te aprecio e te amo e te amo;

 

Deus meu, obrigada por mim amar, mesmo sabendo quem eu sou: uma pecadora.

Ensinar-nos o diferencial: resistir aos valores do mundo e seguir os teus preceitos.

Usufruir da tua misericórdia e incondicional amor, sem preconceitos.

Superar as dificuldades com fé, esperança e força de uma verdadeira vencedora.

 

Provai e vede como nosso Deus é bom. Felizes os que confiam Nele.

Obra nova Ele faz. Eu testemunho seus feitos, que produzem grandes efeitos.

Renova a sua aliança conosco. Quem a acolhe de criatura passa a ser amigo e filho dele.

 

Toda glória a Deus porque os que O seguem recebem graça, fidelidade e admoestação.

Uno-me a Ele que, na minha imperfeição, me convida a amá-Lo através do irmão.

Deus te agradeço por nos capacitar e, sem cobrar um vintém nos fazer o bem.

Obrigada, porque parte de Ti é amor incondicional, e a outra parte também.

 

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Jonice Maria Freire Teixeira

 

Carta para meus filhos

 

Filhos queridos,

 

Revi o vídeo maravilhoso, emocionante, sincero, amoroso, carinhoso, corajoso, que vocês fizeram para homenagear-me pelos sessenta anos que fiz. Queria dedicar a cada um, as virtudes atribuídas a mim, convicta que estou serem vocês tudo aquilo que falaram. Também sempre senti e sinto quanto amor há em vocês! O quanto estivemos juntos toda a nossa vida, o quanto todos os momentos difíceis nos aproximaram, tanto que sinto como se fossemos uma framboesa cujas bolotinhas estão sempre juntinhas formando uma bola só de deliciosa fruta. Gostaram da figura?

Ainda que cada um vivendo sua vida, agora já com seus pares, seguindo o preceito do Criador para cada um, essa ligação maravilhosa permanece. Até mesmo o Amadeu que já nos espera no Céu, não se desprendeu da framboesa.

Se vocês prestarem atenção Deus sempre preservou nossa união (unidade?). Nunca ocorreu um rompimento entre a gente, a framboesa nunca se desfez. Independente dos nossos limites pessoais, das intempéries da vida, por sermos framboesa ficamos mais grudados ainda. Perceberam? Isso é uma dádiva, porque Ele quer, porque Ele precisa que seja assim.

O fato de ser framboesa me atribuiu muita força, também a vocês, mesmo com nossa individualidade. Conhecendo a luta de cada uma das bolotinhas, vocês, conheço também a força que lhes compete ao longo dessa vida. Suas lágrimas, renuncias, desenganos, dúvidas, desânimos, recomeços, lições, enfim, a vida. Admiro todas as lutas engendradas, pois nelas vejo o amor de Deus!

Hoje, já com sessenta anos, sinto de me preparar para os desapegos de “coisas”, que na juventude foram tão importantes na minha vida e que certamente na vida de vocês ainda o são. São, porque tem que ser assim, e é assim, faz parte do tempo. A mim, não, na etapa da vida que adentrei, olhar para o alto, buscando o Criador, já faz mais sentido. Benditos sofrimentos vias pelas quais conheci uma nova vida! Fui tomada pelas palavras de um escritor italiano, Higino Giordani no seu livro, Diário de Fogo: “...a velhice é como uma árvore desfolhada pelo tempo, onde só restam seus galhos voltados para o Céu como que em busca do Infinito. Caíram as folhas dos prestígios, das paixões, caíram as flores da vaidade, do poder, caíram os frutos com que todos se deliciaram.” Linda esta figura comparativa da fase da velhice.

O mais lindo é que tudo isso vivido na mais plena alegria, na mais completa serenidade, porque busco agora fazer a vontade de Deus a cada dia. Com isso posso dizer que sinto o palpitar da vida. Quase posso tocar a graça que tenho recebido de Deus de sentir a vida. É maravilhoso! Tudo vem da aceitação do que sou, do que tenho, e tenho muito, e deixar que Ele fique no comando. Deus no comando, é muito mais seguro, a vida é muito mais leve, a sabedoria flui, o autocontrole existe, a paz, o amor, a real felicidade!

Continuo na busca da mais absoluta humildade. Não tem sido fácil, mas é uma meta a ser alcançada aqui ou em outra vida. Esse é o meu segredo atual. Faço dos meus erros e recomeços e das dores um trampolim pra alcançar minha meta que afinal me levará para o Reino de Deus.

Beijo vocês com todo o meu amor e carinho ainda com pouca humildade, pois os tenho como meus e vocês pertencem a Deus.

 

Mamãe!

Jonice Maria Freire Teixeira

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Júlio Antonio Lopes

 

Amar é querer bem

 

Dia desses, dia dos namorados, em verdade, procurei uma fotografia que fosse o símbolo de uma longa e feliz vida ao lado dela, dentro daquilo que Deus, revelado pelo Senhor Jesus, nos tem propiciado. Eram e são, com as facilidades dos celulares modernos, tantas as imagens... O início do namoro, o casamento, nossos filhos, as viagens, a família, o cinema, os jantares (sobretudo em casa e preparados por ela, acompanhados de um bom vinho) e, até porque ninguém é de ferro, a lembrança daqueles momentos ruins que, mesmo ruins, acabaram sendo bons, porque os vivi ao seu lado.

Recentemente passei por uma cirurgia. E já não tenho os braços de papai e de mamãe para me abrigar. Mas ela estava lá, firme, forte, dedicada e solidária, cuidando de mim. Quando me recobrava da anestesia geral (eu nunca havia passado por isso e tive medo), no meu primeiro momento de consciência, respirei fundo e agradeci a Deus por estar de volta para a minha família, para meus filhos e para ela. Alguém sugeriu uma foto, eu na cama do hospital. Ela correu e se deitou junto a mim. Sorrimos. Aí me veio ao pensamento aquela jura que todos fazemos quando casamos: “Na saúde e na doença...”. E recordei os versos do poeta Lulu Santos, imortalizados em linda canção: “Ela demonstrou tanto prazer/de estar em minha companhia/que eu experimentei uma sensação/que até então eu não conhecia/de se querer bem/de se querer quem se tem/Ela me faz tão bem/que eu também/quero fazer isto por ela”.

Obrigado, Jozinha, pelos 24 anos de namoro, de tão boa e abençoada companhia.

 

Bilhete a Pais e Filhos

 

Quando criança tive muitos sonhos em relação ao que faria, no futuro, de minha vida. Lembro-me que desejei ser arqueólogo, jogador de futebol, músico, poeta, escritor, jornalista e terminei, o que muito me honra, advogado.

Mas, no fundo e no fim, hoje vejo com muita nitidez, o que eu queria, mesmo, era ser igual ao meu pai. Não estou falando da mesma profissão. Papai foi jornalista e bancário. Ser igual a ele como homem: honesto, trabalhador, bom pai de família, temente a Deus. E mais, que usava o tempo exíguo de que dispunha, para conversar conosco, mamãe e meus irmãos, de preferência à mesa, no almoço ou no jantar, onde falava de tudo, de política, religião, liberdade, responsabilidade, comportamento e suas consequências. Era um exímio contador de histórias, de coisas que ele viveu ou que ouviu de vovô Dionízio. E essas histórias, para nós, funcionavam como parábolas. Aprendíamos com elas. Papai foi, e é, ainda, mesmo tendo partido para o Oriente Eterno, uma referência e uma inspiração para mim.

É claro que ter um pai amoroso e presente - e eu fui brindado, ainda por cima, com uma mãe maravilhosa - não é garantia contra os erros que iremos cometer. O erro, infelizmente, faz parte da vida. O importante é nunca cometer um erro capital e, errando, sobreviver. Para quem teve a bênção de contar com bons exemplos dentro de casa, até o erro é um degrau a mais na escada do aperfeiçoamento da existência. E, se não é garantia de que tudo vai dar certo, creiam-me, faz um bem danado.

Hoje nossos filhos, com pais ausentes por conta do trabalho, correm o risco de se "educar" pela Internet e pela televisão, que os bombardeiam com muito lixo. Por isso, é necessário que façamos um esforço maior para acompanhá-los, a fim de que, no futuro, eles possam almejar não a riqueza, ilusória e passageira, mas o transformar-se em pessoas dignas, de preferência espelhos de seus pais.

Como pais, enfim, temos que fazer a nossa parte, deixando pessoas melhores a este mundo tão carente de virtudes. Deus nos ofertou o seu Filho; em retribuição devemos dar-lhe os nossos.

Papai já nos deixou, a mim e aos meus irmãos, há alguns anos. Em diversas ocasiões, falei sobre ele com amor e muita saudade. Nossos pais nunca se vão, porque passam a viver em nós, não apenas nas lembranças, mas em tudo o que somos.

Hoje, porém, a posição se inverteu. Sou pai e tenho quatro filhos. E volta e meia eu me pego a ensinar-lhes, além das coisas hauridas de minha própria experiência, exatamente aquilo que aprendi com o avô deles, que foi determinante para os rumos de minha vida, modesta, com altos e baixos, é bem verdade, mas fincada em sólidos princípios éticos e humanitários, os quais me têm recompensado com o convívio fraterno e respeitoso de meus semelhantes, em gloriosa maioria.

Por isso, gostaria de registrar, nesta data, aos meus filhos, em breves palavras, a herança bendita, em forma de conselhos que de meu pai recebi e que lhes transmito na esperança de que sigam igual caminho: a) creiam em Deus, revelado pelo Senhor Jesus, Ele é poderoso e fará maravilhas nas suas vidas, mas respeitem as crenças alheias; b) façam o bem em quaisquer circunstâncias, pois a maldade queima e tortura quem a cultiva; c) ajudem os pobres e aqueles que precisam de auxílio, eis que dinheiro não é nada e as pessoas são tudo; d) respeitem os outros e cumpram a palavra, pois, quem assim não age, perde por completo a sua credibilidade; e) irmão ajuda irmão; f) leiam de tudo, estudem sempre, pois a leitura e o estudo são os instrumentais que lhes permitirão decifrar o mundo; g) o governante não é senhor, mas servo do povo; h) ditadura nunca; i) “sejam mansos como as pombas, mas espertos como as serpentes”; j) não acumulem dinheiro; contabilizem amigos verdadeiros; l) sejam honestos; m) ouçam e obedeçam a seus pais, pois ninguém tem mais interesse em que vocês sejam felizes"... Um dia vocês serão pais e entenderão melhor, espero que seja bem antes, tudo o que estou dizendo.

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Kátia Maria dos Santos Colares Ribeiro

 

Manaus, 4 de julho de 2019

 

Aos meus irmãos Carlos, Edileuza e Edineide

 

Amados irmãos,

 

Elevo os olhos para os céus em agradecimento ao nosso Pai Eterno, pois me sinto privilegiada por ter nascido de uma mulher sensacional de nome Lucelina. Recebi, ainda, três esplêndidos presentes: vocês como meus irmãos.

 

Carlos, meu amado irmão,

Lembro com grande alegria da minha infância junto a você. Os passeios em sua bicicleta pelas ruas de Tefé eram especiais. Você é um dos responsáveis por eu ter uma autoestima elevada: como eu era magrinha e com olhos bastante grandes falavam que eu era a menos bonita das três irmãs, mas você enaltecia os meus olhos claros e afirmava que eu era bonita e ficaria mais ao crescer. Via-me com o olhar amoroso de irmão.

Sou testemunha de como valorizou as bênçãos de nossa mãe, pois via diariamente pedir a ela.

No final de 1984 passei a residir em Manaus, vindo a constituir minha própria família e isso nos distanciou fisicamente, mas o amor de irmãos nunca diminuiu. Saiba que tenho cumprido algo que aprendi com nossa mãe que é o zelo espiritual por você e sua família.

Como o meu coração se alegra todas às vezes que nos reencontramos e nos atualizamos um a respeito do outro.

 

Edileuza, minha irmã modelo e amada,

Você é uma mulher batalhadora, inteligente, linda em todos os sentidos e uma excepcional serva de Deus. Seus cuidados comigo desde pequena sempre me fizeram sentir uma pessoa especial. Como irmã mais velha contribuiu muito em minha formação.

Agradeço por todo amor e cuidado com minha família, principalmente na área espiritual. Tenha a certeza que esse amor é recíproco, bem como exerço diariamente o papel de intercessora por todos vocês.

 Dia 20 de julho de 2019, tive o privilégio de participar das comemorações dos seus 60 anos de vida. Que festa linda! Você pensou nos mínimos detalhes. O meu coração jubilou no momento em que crianças entraram simbolizando nós quatro na nossa infância. Grata pela bela demonstração de amor por seus irmãos.

 

Edineide, minha irmã conselheira e amada,

Sempre estamos juntas e isso nos fortalece. Quando nos reunimos nas comemorações de aniversários, natal e ano novo apresentamos novidades para todos.

Como são importantes os momentos que juntas oramos por nossas famílias e estudamos a Palavra de Deus. Sei que sempre posso contar com você em tudo.

Dizem que somos parecidas fisicamente. Então, sei que tenho uma aparência muito boa, pois você é linda.

Seu coração vale ouro. Pensa mais nos outros do que em você. Todos de sua família são membros maravilhosos que amo muito.

  Meus amados irmãos, Deus nos uniu por meio de uma mulher extraordinária, minha heroína e exemplo maior de serva, nossa mãe Lucelina dos Santos Sousa. Com ela aprendemos ser pessoas batalhadoras, honestas e tementes a Deus.

Ao terminar essa carta digo que não somente o sangue nos une, mas algo bem maior que é o amor. O amor de uma família não perfeita, mas singular. Que nenhuma palavra, ação ou omissão destrua essa nossa união. Lembrando que o principal ensinamento que nossa mãe nos deixou foi sermos fiéis ao nosso Senhor.

Um grande abraço dessa irmã que não só admira, mas que ama imensamente você.

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Lenir Feitosa

 

Carta para o meu neto George Alexandre Fonseca Feitosa Junior

 

Manaus, novembro de 2019.

Querido George!

Embora, você não seja o meu neto mais velho, mas você foi o primeiro no meu mundo de avó. Você é o neto que toda avó gostaria de ter, para mim, você é um presente maravilhoso de Deus. Lembro-me, quando ainda pequenino, com quatro meses de idade, você me acompanhou em uma viagem pelo interior do Amazonas, todos ficavam admirados de como você se comportava. Lembro-me também, de um momento muito marcante, no qual você faria o papel de José de Alencar em uma peça escolar. A minha preocupação, a de sua mãe e da sua professora, era de que você não conseguisse desempenhar o papel por causa da grande timidez que o acompanhava e ainda o acompanha. Jamais esquecerei o sucesso que foi o seu desempenho. Por isso, eu digo: você é capaz de desempenhar todos os papéis que lhe forem atribuídos. Não tenha medo de nada e de ninguém!

Recomendo que você sempre abrace muito as pessoas que você ama, sua namorada, o Gianluca e principalmente, sua mãe. Ela é merecedora de todas as alegrias que venham de você. Sua mãe, viveu e vive para você e seu irmão Gianluca. Imagine, quantas vezes ela deixou de comer ou comprar alguma coisa para ela para que vocês sempre tivessem o melhor.

Por fim, seja sempre agradecido, principalmente a Deus. O que escrevo pode não ter muito significado, porém, à mim, faz-me sentir importante, porque sou sua avó e sou grata por ter um neto como você. E quando o tempo for só de recordações, lembre-se da avó que o amava muito e que por muitas vezes o tornou personagem nos seus romances, e possivelmente, vai dizer que eu estava certa.

Repito o que já foi dito anteriormente, George Alexandre Fonseca Feitosa Junior, você para mim é um presente maravilhoso de Deus!

Amo você!

Lenir Feitosa

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Luiz Carlos Loschi

 

Carta para minha filha amada

 

Escrevo-te, (para você é o bem mais caro e raro que germinou e aflorou em minha vida), para soletrar através do alfabeto, o que minha voz padece calada por não te dizer.

Filha amada, tu és a saudade que alcalina, tanto o meu peito, quanto a minha face. E eu sou ardência no frio e fogueira nos dias amenos.

Lembro-me do teu sorriso, e, de quando buscavas abrigo no peito que sempre será teu. Lembro do teu correr até mim. Correr tão esperado por mim, a cada dia. E eu fui teu invólucro no exterior, e prendia-te, mesmo que em plena alforria, dentro de mim.

Filha, tu és a paz que não mais habita em mim, e, sou Dom Quixote, filho pródigo de Cervantes, ao agredir moinhos de ventos criados numa alma calejada, pelas batalhas para não enlouquecer distante de ti.

Amo-te, filha mais amada e desejada, tão querida e planejada no curso de uma vida cheia de tropeços e ceifas.

Então dou-te um pouco desse tudo que sou. Dou-te como um poema, um dos vários que tu despertas em mim.

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Lúcia de Fátima Creão Duarte

 

FOLHAS DO TEMPO

 

Pai, é noite, as recordações se rasgam em mim feito um clarão e passeiam em minhas lembranças, tempo e espaço se confundem, reconstroem o passado e o presente se torna mais doce e belo, pois sei que continuas aqui plantado em mim, dando-me força para percorrer as rotas da vida.

Nosso amado Chico Xavier sabiamente nos diz que “no caminho da vida, há de se aprender com a própria vida”. E tu, amado pai, muito nos ensinaste a entender e ser um caminheiro da vida, um eterno aprendiz.

Assim, nesse caminhar, esticando a visão no amontoado dos anos, acumulam-se as recordações e reporto-me a minha infância pobre, mas rica de vida e abundantes emoções. Éramos seis, tu, mamãe, eu, um irmão e duas irmãs. Como foi bom esse tempo em que estávamos juntos.  Tínhamos também um cachorro chamado Bolero, lembras? Nome interessante não é mesmo? Outros bichos como passarinhos, galos, coelhos, gatos, papagaios e periquitos passaram em nossas vidas, todos tiveram sua importância, mas só ele, o Bolero, nos fazia dançar a mais bela de todas as danças, a da amizade, uma relação recheada de cumplicidade em nossas peraltices, quando mamãe ameaçava nos dar umas palmadas, ele se colocava na frente para nos proteger e tudo acabava em risos e afagos, revelando a alegria infinita de estarmos juntos.

Hoje, meu pai, navego no mar dessas recordações e plasmo a tua doce imagem, é por ti e para ti que escrevo. Saiba que teu olhar amoroso, o sorriso aberto, a tua energia carinhosa me acompanham e nutrem meu viver. Sinto ainda o calor de teus abraços, o agasalho e o amor de tua proteção zelosa e das sabias palavras de compreensão e, às vezes, a cumplicidade em algumas situações embaraçosas criadas pela nossa inocência e imaturidade, mas tu as regavas sempre de exemplos edificantes nos preparando para o mundo, para a vida.

E os beijos!? Eras um beijoqueiro. Ainda bem que nos acarinhastes bastante, até parece adivinhavas os dias futuros, em que tuas mãos já frágeis e vacilantes ensaiavam um carinho que não mais conseguias concretizar.

Os tempos de felicidade, os sonhos e certezas foram embalados pela tua presença, que nos davam a esperança de melhores dias, somadas as tuas boas ações, ao teu costume da caridade, ao teu caráter, a tua maneira singela e sábia de olhar a vida.

Saías bem cedo, mal raiava o sol, não sem antes coar o café e levar para mamãe, ainda na cama, era teu jeito carinhoso de ser. Assim começava teu dia de trabalhador. No final da tarde, voltavas cansado, mas víamos transparecer na tua fisionomia a satisfação de chegar, trazias um saco com pão e muita alegria. Não recordo, por que nunca existiu, um dia em que tenhas voltado triste, se trazias tristeza ou preocupação deveria estar bem guardada, pois ninguém percebia. Vinhas sempre com um sorriso aberto e nos cobria de beijos e afagos.

Lembro-me das brincadeiras, jogavas com a gente, entre outros jogos, o banco imobiliário. Era uma animação, todos em volta da mesa na varanda. Num desses dias aconteceu um episódio que ficou marcado na memória de todos. Enquanto jogávamos, meu irmão Antônio, ficava se fazendo de locutor esportivo para nos provocar- ele quase sempre ganhava a partida. Então, tu, paizinho, a fim de contê-lo prometeu lhe dar umas bolachas, ou seja, umas palmadas, e eu, na minha inocência pedi ¨pai, eu também quero uma bolacha, isso provocou risos e gargalhadas e  até hoje meus irmãos lembram desse dia feliz.

Outro momento inesquecível era o Natal, sempre tão simples, mas o tornavas tão belo, montavas o presépio, confeccionavas as velas e a árvore com os galhos de planta, cobria-os com algodão, fazendo assim a nossa felicidade. Tudo fazias para nos deixar felizes, era a magia da fantasia, a mágica do amor. Viver bem, para ti, não significava ter muito, significava ser muito. Curtias o nosso viver, desde um pão que torravas pra nós, até uma música que cantarolavas, enxergavas na singeleza dos atos, o espetáculo da vida.

E assim recheaste nossas vidas de amor e luz.

O tempo foi passando, entre alegrias e tristezas, pois essa é a dança da vida, o caminho para a evolução humana. Assim fomos crescendo, no entanto, continuaste cuidando de cada um de nós com o mesmo desvelo e carinho.

Foste para mim, em especial, o esteio, o porto seguro, que infinitas vezes, eu já adulta, carregaste minha sacola e minha filha me acompanhando até em casa para que não me sentisse sozinha e desprotegida.

Tiveste a alegria de ver teus filhos encaminhados, os fizeste homens de bem, viste cada um de teus netos vir ao mundo e isso foi para ti alegria imensurável. Ninaste e brincaste com eles feito um menino, fazendo todas as suas vontades.

De repente, levamos um susto da vida, aos poucos, nossa casa mudou, foste ficando alheio a tudo e já não podias mais cantar, dançar, brincar como antes, correr para abrir a porta quando da nossa chegada. Nossas reuniões de fim de tarde para o café, os almoços de domingo e dos dias festivos, as viagens de férias, as brincadeiras e as farras quando da chegada do nosso irmão, tudo foi perdendo o brilho. Teus cabelos embranqueceram mais cedo, tuas pernas perderam a firmeza, teus olhos perderam o brilho e ficaram distantes e a tua voz amorosa calou, mas ecoa até hoje na minha memória.

Assim, a vida física se esvaía a cada dia, e num amanhecer, partiste com a chegada dos primeiros raios de sol, era a partida definitiva, digo isso, porque parte de ti aqui não mais estava. A separação foi dolorosa, entretanto entendi ter sido a tua libertação, a tua redenção.

Foi o tempo de saber que era para ir, e tu te foste. Sei que a vida não se encerra com a morte, é energia e vibra o tempo todo, sei que estás vivo na Pátria Espiritual e receberás esta carta como reconhecimento do que plantaste e viste germinar, e hoje, colhes em luzes de amor e gratidão. Um dia, não tão distante nos reencontraremos para continuar vivendo e escrevendo a nossa história nas folhas do tempo, esse amigo inseparável da nossa evolução.

Valeu, pai!

Lúcia de Fátima Creão Duarte

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Maria Auxiliadora de Paula

 

Carta ao Tempo

 

Prezado amigo,

 

Por que hoje andas tão agitado? Lembro de ti ao longo de minha infância, parecias paciente e até bastante lento nos dias em que eu sonhava com a juventude que ainda haveria de chegar. Naquela época, aparentemente, a velocidade era só minha.

Depois, mais crescida, continuava eu com pressa de realizar planos e tu indiferente as minhas urgências seguias com o discreto cinismo dos que irritam sem perder o garbo.

Chegaram os 18! E meu grito de maioridade reuniu os sonhos e a responsabilidade que ansiava ter. Faculdade, emprego, relacionamentos mais complexos e até meu próprio velocímetro, acelerador e freio. Enfim a vida havia entrado em um ritmo interessante!

E depois embalou...

Tornei o melhor namorado em marido. Planejamos juntos o filho. Acalentei, amamentei, me agigantei. Me dediquei, orientei e hoje vejo meu pré-adolescente construindo seus planos, talvez em uma espera que lhe parece infinita...

Enquanto isso eu já troquei prioridades, tirei o relógio do pulso, parei de perguntar sobre as horas e, ainda assim, não consigo te segurar.

Só queria te dizer... 

Traz de volta o vigor dos meus pais que não tive a capacidade de ver passar. Traz de volta os dias ensolarados que na companhia de meus irmãos banhava-me nos riachos que nem mais existem. Cadê aqueles amigos que compartilharam comigo pés descalços, arranhões, e vários piques-escondes?

Eu só queria te dizer...

Que você não precisa ter pressa. A vida é tão bela, mas o corpo é frágil diante do peso que colocas sobre ele nessa tua louca maratona. Se não queres retroagir, para! Espera! Eu quero seguir contigo.

Ensina-me a flutuar pelas léguas que faltam, no ritmo que hoje tenho. E enquanto eu encurto os passos, dê-me dos teus conselhos. 

Hoje, já não há tantos ruídos a minha volta e nem são todos os apelos que chamam minha atenção. Faço silêncio, só para ouvi-lo. Quem sabe, juntos, ainda possamos dar boas risadas do que passou, enquanto seguimos pelos caminhos que a vida nos reserva, meu sábio e velho amigo, Tempo.

 

Dora de Paula

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Maria de Belém de Oliveira Maués

 

Manaus, 12 de setembro de 2019

 

Aos meus queridos e amados netos: Maria Júlia, Ariane, Ana Luisa, Flávio Miguel, Luiz Felipe, Fernandinho, Fábio Filho, Gustavo Fabrício e Ayla Fabiana.

 

Queridos e amados netos,

Quando eu era criança como vocês, eu sonhava com um avô, com uma avó, mas não fui contemplada pela vida com essa realização, porque não conheci meus avós, nem paternos, nem maternos, faleceram, quando eu ainda não havia nascido.

Hoje, avó, sinto quão maravilhoso é poder dar a vocês netos, o que eu queria ter recebido dos meus sonhados avós: mimos, paciência, atenção, amor, orientações, relatos de histórias, comidinhas especiais, tudo isso num pacote etiquetado” Amor duplo, imensurável!”  

É vivendo e aprendendo com vocês, crianças incríveis, que sinto que preciso renascer a cada dia, me reinventar, para que eu me capacite a conviver com mentes tão brilhantes, a responder perguntas tão abrangentes, a entender ideias tão precoces.

Surpreende-me a inversão de valores na atual sociedade, o papel que os avós desempenham, a posição que ocupam nas famílias, neste século XXI, são diversos e se confundem. No entanto, apraz-me perceber que nada diminui a grandeza do amor dos avós para com seus netos.

Gratidão a Deus por merecer a bênção de poder aquecer meu coração com o calor dos seus abraços, queridos netos; de sentir na espontaneidade de seus sorrisos que a vida vale à pena; de ver a verdade escancarada em seus sentimentos, em suas posições e com isso me induzirem a me reposicionar. De vocês, netos amados, emana a força, o estímulo, que me ajudam a sobreviver ao tempo, aos   limites impostos pela sociedade às pessoas com mais idade.

Amo cada um. Vocês me ensinam, por meio de gestos e ações tão diversificados, que muitos são os passos que posso dar em direção ao aprendizado, à adaptação ao novo, ao moderno, sem, no entanto, banalizar os valores indispensáveis à sustentação da constelação familiar tão importante para a formação de um ser humano fiel ao que é divino, ao coletivo, ao que é honesto, digno, ético. Com vocês minha vida tem um sentido especial que inibe a fadiga da rotina e não permite que sobre tempo para pensar em sofrimento.

Antes de encerrar esta cartinha quero deixar uma mensagem para vocês: Não tenham medo do tempo, ele tem o tamanho da sua determinação. Façam valer cada momento de suas vidas com aquilo que lhes seja prazeroso, produtivo e que precise ser feito em função de seus sonhos. O tempo vale o que a gente faz com ele. Sejam bons, caridosos, amorosos, cristãos e cultivem a paz, estejam onde estiverem.

Obrigada por existirem na minha vida. Que Deus lhes abençoe e fortaleça as raízes das árvores que lhes frutificaram: minha filha, meus filhos, minas noras, meu genro e sobretudo, o início de tudo: o vovô Luiz Fabiano Benassuly Maués.

Felizes todos os dias que eu merecer estar com vocês.

Que Deus lhes abençoe.

 

Vovó Belém

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Maria Eunice Gil de Carvalho

 

Manaus, 30 de outubro de 2019

 

Aos meus queridos filhos:

Micherlângelo, Edwilson Riam, Risandro, Jeandro e Simonely,

 

Foi com imensa satisfação, que aceitei o convite da ajebiana Raimunda Gil Schaeken, a participar da I Antologia da AJEB-AM, intitulada UMA CARTA PARA VOCÊ. O assunto veio a calhar com o desejo que sempre tive, em dizer à minha prole, o valor de construir uma família alicerçada no amor, responsabilidade, respeito, perseverança, partilha, honestidade, trabalho, estudo e princípios cristãos.

Sou a terceira filha do casal Francisco Gil e Alzira de Castro, nascida na cidade de Tefé-AM, dia 16 de março de 1950.

Vivi uma infância saudável, num lar humilde, porém, cercada de carinho e muita disciplina, poucas amizades; aos 7 anos de idade comecei a estudar, procurando ter bom comportamento e tirar boas notas para não ser castigada em casa, com chineladas. Naquela época, os pais tinham contato direto com os professores e, nota baixa ou qualquer desobediência, os filhos eram disciplinados.

Desde criança, fui orientada a não desviar caminhos; sair de casa diretamente à Escola e aos domingos, participar da missa das crianças, às 8 horas, na Igreja de Santa Teresa D’ávila, a padroeira da cidade, por quem tenho devoção até o presente.

Com a morte de meu pai, mamãe impôs seu regime autoritário, protetora e disciplinava com severidade, passando valores vivenciados até hoje, entre os quais: honestidade (não pegar nada de ninguém, achou, deixe lá; responsabilidade (cumprir as tarefas semanais: lavar louça, roupa, fazer café, ir à escola diariamente e fazer as tarefas escolares; união (não brigar com os irmãos e, se brigasse, apanhavam juntos; ninguém podia rir do outro e se o fizesse, apanhava também; falar a verdade (quem mente rouba); fofoca (nem pensar, o que escutava guardava para você e boca fechada não entra mosca); gratidão (o que receber, agradecer); mentira (tem perna curta); estudar (quem estuda cresce intelectualmente e realiza os seus sonhos).

A minha melhor professora foi a minha mãe, mulher guerreira, sábia, formada na escola do trabalho, da experiência; tudo que sou hoje devo a ela e sou-lhe eternamente grata.

Aos quinze anos de idade, vivenciei uma história bonita de amor. Numa tarde dançante de jovens, foi realizada a brincadeira da flor: o cavalheiro dava a flor a uma jovem com quem queria dançar e, saíam dançando. Recebi a flor do jovem Edmilson, os olhares se cruzaram e nasceu uma simpatia; dançamos juntos e iniciamos a história de amor.  Casamos no dia 15 de março de 1969, em Tefé, entre familiares e colegas de aula. Aquele juramente feito na Igreja de Santa Teresa D’ávila, há 50 anos foi cumprido; vencemos as dificuldades, sustentadas pelo amor.

Sempre fui uma pessoa guerreira, determinada; com o casamento, ganhei a liberdade e inconscientemente tomei a responsabilidade para mim e o desejo de ser mãe. Nasceram os filhos e, como sempre trabalhei, tive o apoio e ajuda da minha mãe Alzira de Castro e irmãos, da sogra dona Luíza de Carvalho e da cunhada Sebastiana, que cuidaram dos filhos pequenos; Micherlângelo com a avó Luíza e o Edwilson Riam com a avó Alzira.

No ano de 1972, resolvemos vir morar aqui em Manaus, em busca de melhores condições de vida; tempo difícil de adaptação, ainda sem ter casa, morando na casa do cunhado Raimundo Bragança e na expectativa de trabalho.

Como tinha o Curso de habilitação para o Magistério, fui procurar uma escola para dar aulas. Minha prima e madrinha de casamento Nair da Costa Castro conseguiu uma substituição onde trabalhava: Escola Humberto de Campos, Alvorada; aceitei o trabalho, embora residindo no bairro de São Lázaro; muitas vezes trazia os três filhos maiores e os deixava com a minha irmã Marina.

No ano de 1974 fiz o concurso público para o Magistério e fui trabalhar na escola Antóvila Mourão Vieira, dirigido pela competente diretora Arlinda Kimura da Silva. Lá, desenvolvemos um bonito trabalho educacional, junto às colegas: Lucineide Lima Barros, Auxiliadora Barbosa Guimarães, Zilma, Fátima Lira, entre outras. Anos depois, com o curso adicional, fiz novo concurso e daí por diante trabalhei em duas cadeiras; hoje aposentada, consciente de ter cumprido a minha missão com amor e responsabilidade.

Edmilson e eu construímos um patrimônio familiar rico de valores éticos e cristãos e, por isso deixo registrado aqui, meus queridos filhos e filha, que quando sonhamos, temos que ir em busca com o estudo e trabalho; pedir sempre a direção de Deus e o apoio da família; na vida nada é fácil, podemos vencer e ter sucesso, sem ganância e respeitando o próximo. Coloquem em prática o que aprenderam, os princípios que direcionam nossas vidas: Deus, família e trabalho honesto; sigam os exemplos deixados por seus avós maternos e paternos, nossas raízes.

Meu carinho e nunca esqueçam: onde há fé, há amor; onde há amor, há paz; onde há paz, Deu está; onde Deus está, nada falta.

Deus abençoe a todos vocês.


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Maria Francisca Oliveira de Castro

 

Manaus, 31 de julho de 2019

 

À querida amiga Ana,

 

Caríssima amiga, estou aqui para agradecê-la, o tão grande impulso que deste a mim como escritora, através de sua ilustre amizade.

Indicou-me a uma nova madrinha literária, que através dela, fui convidada a ingressar na AJEB-AM, Associação de Jornalistas e Escritores do Brasil, por onde hoje fui permitida enviar-lhe esta carta, com a oportunidade de agradecer-lhe por esse enorme passo.

Também sou grata por anfitriar-me com tanta magnitude enquanto estive em sua cidade. Nesse curto espaço, nosso convívio nos gerou uma amizade infinita.

Obrigada por tudo amiga! Estarei aqui também ao seu dispor, pronta à reciprocidade do seu carinho e atenção.

Despeço-me com imensurável saudade.

Beijos de luz nesse coração fantástico.

De sua sempre amiga,

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 Marilandia Gama

 

 Maria minha Maria


Mulher forte, mulher guerreira.

Os teus olhos são luzeiros para mim

Tua vida um exemplo para muitos

 

No silencio de tua dor

Transmite força e amor

Com teu sorriso simples

No teu olhar sinto tua dor

 

Não importa o tempo que for

Sempre estarei aqui

O que importa é o amor

Que em meio a tanta dor

Ele também te alcançou

 

És remanescente

Única como sabes ser

Tu que gritas para a vida

Às vezes és o fel

Outras doce como o mel

Maria minha Maria.

 

Uma Carta Para Você

Com muito amor e prazer

Escrevi essas entrelinhas

Especialmente para você.

 

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Maria Regina Chagas de S. Vieira

 

Santa Catarina, 23 de agosto de 2019

As Três

 

Mintaka, Alnilan e Alnitak são as estrelas que formam o Cinturão de Orion. (Orion é uma das oitenta e oito constelações modernas localizada no equador celeste) São identificáveis no céu pelo brilho e por estarem alinhadas, no centro do quadrilátero. Assim como estas estrelas também brilharam, ainda brilham em minha vida, nas palavras que deixaram ditas, nas minhas memórias três mulheres maravilhosas, que mesmo não estando mais aqui neste plano terreno ainda me reconduzem.

Quero agradecer a Deus por Elas que fizeram parte da minha história, me trouxeram a vida, que me cuidaram e ensinaram que me lapidaram com seus exemplos, com suas grandes conquistas, belíssimas histórias de existência. Foram mulheres que se destacaram a frente de seu tempo, que não desistiram de suas lutas, de suas verdades, daquilo que acreditavam. Foram mães brilhantes, esposas, profissionais. Mulheres que desde a tenra idade já lutavam pelo pão de cada dia!

Com certeza continuam brilhando no Universo!

A mulher que me gerou: Agradeço imensamente por ter partilhado comigo seu sangue, o seu genes de guerreira, desbravadora, que brigava e lutava para ter direito de fazer suas próprias escolhas, e suas escolhas não comportavam a submissão, o machismo, o remanso.

A mulher que me criou e cuidou: Agradeço e agradecerei por toda a minha existência, pois, não mediu esforços para fazer de mim uma grande mulher, que é como me sinto hoje em dia! Com sua personalidade forte, incutiu em mim os princípios da moral, ética, caráter e honestidade. Ensinou-me desde que era ainda garota que a vida não era fácil de ser vivida, mas ela oferecia vários caminhos. Caberia a cada um de nós fazer a escolha certa, pois tudo que precisamos está dentro de nós! Assim me mostrou os caminhos retos e estreitos. Ensinou-me que as situações difíceis, inesperadas, assim como tudo na vida, têm seu início e seu fim!

Mulher forte, inteligente, culta, me deixou um grande legado: A perseverança, a Luta e a Fé!

A terceira estrela, um ser maravilhoso que agradeço muito a Deus por também ela fazer parte de minha vida! Sendo que Ela foi quem gerou o meu amor, com o qual estou casada há trinta anos! Concebemos dois filhos sendo que um (in memoriam). Ele trouxe tantas felicidades para minha vida, que serei sempre grata a essa mulher que soube passar para o filho a importância da família, de uma esposa. E com calma e sabedoria ela ia me lapidando, com seus ensinamentos muito aprendi, ela me falava que apesar do amor, existiam muitas dificuldades em uma relação a dois, pelo menos até certo tempo, e se realmente existisse o amor iriam sim permanecer juntos e superar as dificuldades. Me fez ver também que os contos de fada na verdade, nunca chegam ao final, já que após o desfeche termina a história e tudo que vem após nunca foi contado. E sim, são momentos de felicidade que nos motivam a seguir em frente. 

Obrigada Senhor! Obrigada ao Universo por interligar minha vida a vida destas Maravilhosas mulheres.

Três estrelas que ainda cintilam em minha vida!


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Margarida Drumond de Assis

 

Brasília, 8 de dezembro de 2019.

 

Saudosa mamãe, queridos Dom Lara, Dom Luciano, Padre Antônio de Urucânia, Padre Abdala, Mons. Rafael, cada um de vocês:

Sabe, falo com você que já voltou para junto do Pai, ele que, por seu incomensurável amor, desejou o seu nascimento. Sim, Deus sabia que este mundo poderia ser muito melhor com você, aqui. Assim lhe permitiu a vida, embora o filho ou filha tivesse de enfrentar padecimentos. O mais importante, porém, é que contava certo com você. 

Foi assim com a senhora, amada e saudosa mamãe - MARGARIDA DRUMOND BOWEN. Ainda aos quinze anos, se casou com papai, Manuel de Assis Bowen, de 23. Falo com vocês também, bispos e sacerdotes - e são muitos, felizmente, mas esta carta vai direcionada a alguns, por meio dos quais mando uma mensagem repleta de amor e saudade a tantos outros que ouviram o Chamado e cumpriram bem a missão. Suas vidas me seduziram e sobre elas escrevi, exceto sobre Mons. Rafael, mas sobre ele sempre falo em meus livros. Olá Dom Luciano; oi Dom Lara, hoje exatamente completando três anos de sua partida; e o senhor, Padre Antônio de Urucânia; ei Padre Abdala! Quão bom foi registrar sobre vocês que, no cumprimento da Missão, deixaram um incontável número de pessoas mais belas, realizadas e felizes.

Rapidinho, aqui segue esta carta, conforme me suscitou Kátia Colares, Presidente coordenadora da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil - AJEB, Coordenadoria Amazonas; que tema fantástico! Poderia ser uma carta como a gente quisesse. E eu poderia escrever uma carta a pessoas que estão conosco, e ainda brilhando, como Irmã Mônica Leclercq - fiz um livro também sobre ela, um ser maravilhoso, todo entregue a Deus; também o querido cantor rei da Música Popular Brasileira, Roberto Carlos, entre outros, mas decidi falar com vocês, hoje.

Paro por um instante para lhes falar e começo pela MAMÃE, tão saudosa, já distante fisicamente há quatro anos. Afinal, eu não estaria aqui se não fosse pelo seu amor à família, ao papai e já aos sete filhos nascidos antes de mim.  E a senhora e o papai, corajosamente, tiveram outros, totalizando quatorze filhos. Mamãe, meu coração, agradecido, quer lhe dizer Obrigado por tudo quanto viveu por mim e pelo que me ensinou. A senhora permitiu que eu me tornasse uma pessoa determinada, corajosa e de fé - em Deus, em Nossa Senhora e na vida, e me incentivou na Literatura. - A senhora sabe quanto amo ler e escrever. Dificuldades? Às vezes, a vida não é mesmo fácil, mas, porque sou sua filha, jamais desisto da caminhada; ao contrário, prossigo confiante em um amanhã melhor.

Ah, saudosos e queridos servos de Deus, Dom Lara, Dom Luciano, Mons. Rafael, Padre Antônio e Padre Abdala: um alô especial a vocês, agradecendo-lhes em meu nome e em nome de todas as pessoas que tiveram a graça de os conhecer ou, mesmo não os conhecendo pessoalmente, por vocês foram beneficiados, amados.

MONS. RAFAEL ARCANJO COELHO - Eu ainda era menina quando o conheci e me encantei ao saber que o senhor era o fundador de uma Congregação de Irmãs de Caridade, a Beneficência Popular - pela qual se encantara Assisinha, minha irmã primogênita - no carisma de amor e doação aos mais simples e necessitados. E serviu a Deus, durante anos. Obrigada pela pessoa bondosa e alegre que o senhor foi e por nos ensinar a amar o Sagrado Coração de Jesus, em uma firme devoção à Eucaristia com as Primeiras Sextas-Feiras.

DOM LELIS LARA - Querido amigo e pai espiritual, durante quase cinco décadas. Eu fui uma dentre um infinito número de pessoas que do senhor recebeu atenção e amor. A partir de sua vida, tornou mais feliz a muitos, foi uma vida de amor, testemunho de caridade, mostrando que "A caridade tudo crê", sempre no seu jeito manso e carinhoso, um atento missionário redentorista.

DOM LUCIANO MENDES DE ALMEIDA - Eu já ouvira falar muito do senhor, do seu amor ao próximo, independentemente de a pessoa ser ou não católica; ou, de sua arquidiocese. O que lhe importava era servir a pessoa no que ela precisasse, e o senhor, neste testemunho, mostrava sempre ser um especial dom de Deus, vivendo radicalmente, "Em nome de Jesus", conforme tantos depoimentos que colhi para o livro.

PADRE ANTÔNIO RIBEIRO PINTO - O senhor bem sabe que não o conheci, mas minha mãe, sim - eu na época tinha apenas dois aninhos. Quem diria que, futuramente, aquela menininha escreveria um livro sobre a incrível vida do taumaturgo que o senhor foi, pessoa a quem tantos clamavam: Padre Antônio de Urucânia, a sua bênção.  Para vê-lo, a mamãe e duas amigas se juntaram a outras fervorosas pessoas, e, em um caminhão pau-de-arara, saíram da Fazenda São José do Atalho, em Timóteo, e foram para Urucânia. Tudo porque elas também tinham fé nas poderosas bênçãos que o senhor dava, na intercessão de Nossa Senhora das Graças.  E viram, lá, curas e milagres acontecendo, pois, pela sua humildade e fé, Deus se serviu do senhor em benefício de um incontável número de romeiros e dos que o escutavam pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro, entre outros. Eu me sinto uma delas, sempre que rezo em sua campa, no Santuário de Nossa Senhora das Graças, em Urucânia.

PADRE ABDALA JORGE - A história de vida do senhor é impressionante. Inenarrável é a minha alegria por ter recebido a Primeira Comunhão das mãos do senhor e por tê-lo tão presente no meu caminhar, ao longo dos anos. Maior ainda meu júbilo por escrever "Eu já nasci padre!". O testemunho de vida do senhor, com todo o seu amor ao pobre, a sua defesa aos injustiçados, a sua coragem na defesa da verdade, era admirável. Próprio mesmo de quem já nascera vocacionado para o sacerdócio. O senhor era, sim, irrequieto, sempre com pressa, mas, ao mesmo tempo, também calmo; de um coração extremamente generoso no lidar com todos que o procuravam para vê-lo ou para receber um conselho. 

Grande abraço, saudades!

 

Margarida Drumond de Assis

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Neilany Feitosa Amazonas

 

Ao meu pai Dilson,

 

Quero em palavras demonstrar o quanto eu o amo.

Se sou essa pessoa hoje, foi graças ao seu esforço de pai em minha infância e juventude.

Me ensinaste que o melhor caminho é estar na presença do Senhor nosso Deus.

Hoje sei cantar, porque me ensinaste quando eu era ainda criança.

Se sei algumas notas musicais é porque me incentivavas quando eu era pequena.

Me recordo dos meus sete anos, quando ficávamos na sala, o senhor tocando e eu cantando tentando alcançar notas musicais e fazer um falsete mesmo que fosse um simples.

Bem, meu pai, primeiramente agradeço a Deus por ter-te como meu pai e muito obrigada por tudo que fez, e fazes por mim, te amo pai.

De sua filha com carinho,

 

Neilany Amazonas

 

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Raimunda Gil Schaeken

  

Tefé-AM, 4 de janeiro de 1969

 

A carta que sempre sonhei escrever

 

Meu querido pai,

 

Hoje é um dia muito especial na minha vida, o dia de meu casamento; e como gostaria que o senhor estivesse ao meu lado e, como o destino não me reservou essa felicidade, estou escrevendo esta carta. Talvez tenha sido melhor assim.

Imagine o senhor, quem é a pessoa escolhida para ser seu genro! Certamente, o senhor ficaria muito triste, decepcionado ao saber que o homem com quem casara é o seu conhecido padre Geraldo; quem imaginaria que isso acontecesse! Ironia do destino! Após a sua partida para a eternidade, naquele dia 24 de abril de 1963 ficamos desolados, tristes, chorando de saudade e vendo os meus oito irmãos menores, sofrendo a dor da separação; igualmente a minha querida mãe totalmente desamparada e carregando no ventre uma criança que nascera seis meses depois; um filho varão, que recebeu o nome de Francisco, em sua homenagem.

Com o tratamento de sua cruel doença, foram gastas todas as suas reservas adquiridas no trabalho da agricultura, pesca, como regatão e professor da zona rural. Imagine o senhor! Uma viúva com nove filhos, sem receber uma pequena pensão. Entretanto, ela foi à luta; trabalhou na olaria, conseguiu uma lavagem de roupas de uma família e trabalhou na roça, no terreno do meu tio Barroso.

Minha mãe foi uma guerreira, não teve medo de trabalhar e continuou a encaminhar os filhos na Escola e educação cristã, na esperança de proporcionar a todos um futuro promissor; decidiu não dá padrasto para seus filhos.

No final daquele ano, aconteceu a minha colação de grau do antigo Ginásio Normal Santa Teresa, que preparava as jovens para exercer o magistério. Já no almoço de formatura, todas as colegas já sonhavam em dar aulas, colocar em prática o que aprendemos. Assim, fomos olhando um lugar para trabalhar.

Uns dois anos atrás, já tinha recebido o convite para trabalhar na cidade de Fonte Boa, na Escola São José, dirigida pelos padres da Congregação do Espírito Santo. Por isso, aceitei o desafio e trabalhei naquela cidade durante quatro anos. Foram quatro anos de bom relacionamento com o povo e o pároco, o então padre Geraldo; no final, notamos que estávamos envolvidos e muito mais do que amizade, nascera o amor recíproco.

Nos casamos, enfrentando a sociedade, a família e a Igreja. Talvez para o senhor, também tenha sido motivo de escândalo, uma vez que sempre foi um bom cristão e como muitos, não admitia que um padre pudesse casar e logo com sua filha!

Nossa família sempre teve apoio das Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria, que através da madre superiora, mamãe foi contratada pela SEDUC para trabalhar como servente na Escola Frei André da Costa; trabalho que deu direito a sua justa aposentadoria.

Pela nossa fé, acredito que o senhor está em paz, participando da felicidade eterna, contemplando face a face os olhos de Deus e intercedendo por todos que o senhor amou e por quem foi amado nessa terra.

Tenha certeza de que fui muito feliz no casamento e junto com o padre Geraldo (Pedro), que há sete anos fez sua passagem para a eternidade, construímos uma bonita família: três filhos maravilhosos, todos encaminhados no mundo do trabalho, sendo bons cristãos e bons profissionais úteis à Sociedade.

Peço a sua santa bênção e receba um grande beijo como expressão do meu amor para com o senhor.

Sua filha,

 

Raimunda Gil Schaeken


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Raíssa do Socorro Moriz

 

Poema para um pai...

 

Temos algo para lhe contar,

Um homem assim é difícil de encontrar,

O melhor pai do mundo, vamos lhe apresentar...

 

Medicamento na hora certa? É tarefa para ele!

A escola marcou reunião? Lá estava ele...

Para a família, um grande bem,

Sabe brincar de “Boca de forno”, como ninguém!

 

É sábio, amigo e protetor,

Cuidadoso, carinhoso, inspira amor!

É o herói, matador de baratas e aranhas!

“Wonderman” sempre pronto a nos acalmar

E nas noites de pesadelo, a nos acalentar!

 

O genro preferido, o alemão mais querido,

Melhor ainda: o diretor da Rádio

Foi promovido, a “bobô de camarão”,

É o vovô, querido do coração...

 

O que seria de nós, sem ele?

Rogamos ao Papai do Céu, com gratidão,

Pelo nosso maior presente:

O homem de cabelinhos brancos e olhos azuis,

É um pai, que nunca esteve ausente!!!

 

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Raissa dos Santos Colares Ribeiro

Coração fora do peito*

 

Enganou-se quem disse que não existe amor à primeira vista.

Tenho provas que esse amor existe!

Tudo começa por uma troca de olhares!

No primeiro toque entre os dois em que os corações disparam.

Quando um sorriso consegue iluminar todo o seu dia.

É quando esse amor se torna prioridade em sua vida.

É quando, enfim, tudo começa a fazer sentido.

Esse amor à primeira vista existe! 

Eu sei!

Você sabe!

Toda mãe sabe!

Um coração batendo fora do peito!

Meu coração fora do peito!

Meu Matheus, meu coração fora do peito ensinando que existe o amor a primeira vista!

Meu Matheus, meu filho, meu grande amor!

 

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 Rene Costa Menezes de Souza

 

CARTA LITERÁRIA

 

À Ruth Prestes Gonçalves

 

Querida amiga,

 

Sei que estamos separadas há bastante tempo, contudo, sei também que esta separação não abalou em nada os alicerces de nossa amizade.

Estamos em planos diferentes. Eu no plano terrestre, você no plano espiritual. Não optamos por isso. Nossas vidas tomaram rumos diferentes. Você sofreu muito com uma doença incurável, este sofrimento a purificou, porque nós cremos que o sofrimento é bálsamo para a alma, tendo como premissa Jesus Cristo, Nosso Deus.

Lembra, nos conhecemos por acaso, na Secretaria de Educação do Estado do Amazonas. Você subsecretária de Educação, mestra, pedagoga competente, formadora de gerações, envolvida plenamente com as causas educacionais.

Eu, Chefe do Núcleo de Recursos Tecnológicos, com a função de produzir livros regionalizados para o Estado do Amazonas. Formada em Letras, com habilitação em Língua Portuguesa e Literatura.

Eu, além de participar da produção de livros, também produzia poesias, módulos, livretos sobre o meio ambiente.

Um dia, você leu uma de minhas poesias, gostou do meu estilo e, perguntou a uma amiga em comum.

- Quem é a autora dessa poesia?

- A amiga disse:

- É a Rene, considerada a poetisa da SEDUC, então você disse: quero conhecê-la.

Assim, começamos uma longa e intensa amizade baseada no respeito e na consideração.

Você escrevia muito bem. Foram incontáveis artigos sobre Educação. Seus artigos eram publicados no jornal – A Crítica, com tiragem aos domingos.

Todos os seus textos só eram oficializados após passarem pela minha revisão. Eu me sentia feliz em ajudá-la.

Incansável, mesmo já em avançada idade continuava participando dos eventos educacionais, sempre almejando a tão propalada “qualidade da educação”, a qual muitas vezes frustrada dizia para os amigos:

-Acho que vou “partir” e não vou ver a realização desse ideal. 

Muitas pessoas passaram e participaram de nossas vidas. Lembra do querido professor José Melo, que como Secretário de Educação sempre apoiou nossos projetos, iniciativas e ideais. Somos eternamente gratas a ele.

Seu Luiz, seu zeloso e responsável motorista, que nos conduzia aos quatro cantos da cidade, sempre com um sorriso acolhedor. Ele dizia que éramos a dupla “RR”. A ele o nosso eterno carinho.

Minha filha Poliana Cristina que você chamava de “a menina guerreira”. Sua neta afirmava. Você a aconselhava, orientava, mostrava caminhos. Ela ama você.

Nossa amiga em comum Cecília Rodrigues de Souza, que nos últimos tempos era nossa companheira inseparável, nas incontáveis reuniões do Fórum de Educação do Amazonas – FEAM; órgão compromissado com a Educação do Estado do Amazonas.

Cecília, professora de renome, incansável na promoção e qualificação da educação amazonense.

Vivenciamos momentos especiais.

O tempo passou, você ficou muito doente. Contudo, você resignada, continuava com inabalável fé em Deus, e a Nossa Senhora, cuja devoção era intensa. Rezava o terço todos os dias.

Seu passamento para o Plano Espiritual aconteceu quando eu estava na Noruega, quando meu esposo Darly Menezes de Souza realizava um sonho de criança, celebrar seu aniversário ali.

Eu fiquei muito triste. Havia neve, frio intenso, natureza sombria, contudo, uma Força Divina deu-me conformação baseada no que eu e você acreditamos como cristãs. Fortemente vinha em meu pensamento:

“Somos cristãs, sabemos que além da vida terrena que temos, há uma outra além, eterna, que nos dá a certeza de que “MORRER NÃO É O FIM”

Forte abraço espiritual.

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Simone Kelly de Oliveira

 

Carta de gratidão a você, vô, pelo ensinamento de fé e amor.

 

Querido Vovô

Nos últimos anos

Na lida da vida

Ora tem alegria

Ora tem melancolia

Lembro-me ainda, vovô, quando morávamos na mesma casa

Você com sábias palavras sempre a nos ensinar

Vovô, quando irei te encontrar?!

O plano de Deus é que dita as regras

Mas creio que um dia irei te abraçar

Vovô, como tem sido a lida ao lado de São Pedro, dos Anjos e da Virgem Maria?!

Lembra vovô, quando conversávamos e você escrevia e depois lia para eu escutar?!

Foi com você que aprendi a ter amor pela escrita e pela leitura

E isso me fez sonhar

Um sonho de menina

Que até hoje habita em meu olhar

Obrigada vovô

Por me inspirar com fé e amor para a vida continuar

Na casa celestial sei que estás a assobiar, pois assobiavas com alegria, ensinávamos que assobiar faz a alma sonhar

Tocavas flauta para nos encantar

Saudades da época em que eu o via chegar

Saudades do seu olhar amável

Das suas doces palavras

Sempre a me abençoar

Saudades quando compravas pão e pedia café para merendar

Saudades quando ouvia sua voz a cantar

E mesmo nas horas de ira acalmavas e mostravas o amor ao me encontrar

Sentia-me privilegiada

Pois sabia que me amavas sem hesitar

Agradeço-te através desta carta

Por sua dádiva presença aqui no plano terrestre por me ensinar, que fé e amor fazem sonhos proliferar

Até mais vovô!

Abraços fraternos da neta que sempre há de te amar.

 

Simone Kelly

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BIBLIOTECA RAIMUNDO COLARES RIBEIRO

Transcritos da Antologia UMA CARTA PARA VOCÊ. Organizadora: Kátia Maria dos Santos Colares Ribeiro. Color Gráfica. Manaus (AM), 2020, páginas 68; 74; 77; 78/79;   84/85; 92/97; 104/105; 111/112; 106/110;113/114; 115/117; 120/123; 124/125; 134/135; 126/128;129/133; 140; 147/149; 156/157;158/159 160/161167/168

Seleção de textos: Kátia Colares Ribeiro

 

 
 
 

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